O aumento populacional nas cidades, aliado a uma sociedade extremamente consumista, gera vários problemas ambientais, como o lixo urbano que, nos últimos anos, vem sido combatido de forma criativa. Com inúmeros artifícios que vão desde o armazenamento correto dos resíduos até a reciclagem, empresas especializadas buscam alternativas para solucionar o problema. “Quem abre um pacote de bala ou qualquer outro produto e descarta a embalagem numa calçada pode pensar que aquilo não fará diferença, mas está enganado. São muitos os riscos causados pelo acúmulo de lixo, que pode gerar chorume e contaminar a água e o solo. Além disso, ainda pode servir de abrigo e alimento para animais e insetos que são transmissores de doenças”, explica Luzia Assad, autora do projeto Solução Ambiental para um Problema Urbano, consultora e estudiosa da questão da exposição do lixo nas grandes cidades. Mas com tantos problemas originados pelo lixo, por que algumas pessoas insistem em ignorar tudo isso e continuar jogando resíduos em locais públicos? Será por falta de lixeiras ou falta de informação?
Para o administrador Davi Soares, da empresa Luz Curitibana, as duas hipóteses são válidas. “Se observarmos as lixeiras espalhadas pela cidade de São Paulo, veremos inúmeras lixeiras em formato de gaiolas, que são inapropriadas para o depósito de lixo, por isso vemos tantos resíduos no chão, nos canteiros e nos bueiros. É uma constatação da falta de administração no setor da limpeza pública na capital”, relata Davi, ao lembrar que a AMLURB (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana), órgão responsável por fiscalizar esse setor não evoluiu nas últimas gestões. “Não podemos mais pensar no armazenamento de lixo como antigamente. Precisamos nos modernizar e desenvolver técnicas que suportem a enorme quantidade de lixo produzida atualmente. Sem um local adequado para armazenar o lixo, vemos hoje síndicos, zeladores e até mesmo administradoras utilizarem as calçadas como depósito de lixo no horário da coleta”.
Basta caminhar pela cidade para verificar que, em determinados horários, muito lixo é colocado nas ruas em locais onde não há lixeiras, ao mesmo tempo em que em outros locais, as lixeiras existentes não dão conta da quantidade de lixo depositada. “A empresa Luz Curitibana apresenta uma solução criativa para esse problema urbano. Hoje já temos condomínios, farmácias, edifícios comerciais e administradoras de grande porte que estão se adaptando para essa nova realidade: como lidar com a proibição das lixeiras inadequadas, em cima das calçadas”, explica Luzia Assad.
Solução Ambiental para um Problema Urbano
Com o crescimento dos centros urbanos, Luzia Assad abriu os olhos para a questão da exposição do lixo nas grandes cidades. “Fiquei quatro meses na Suíça observando como o lixo era armazenado até o momento da coleta. A Suíça foi o país escolhido para ser modelo porque lá as pessoas são respeitadas, colocadas em primeiro lugar, por isso não existem lixeiras nas calçadas, que é lugar dos pedestres”, comenta a estudiosa que busca também conscientizar profissionais de grandes construtoras. “As construtoras não deixam recuos nos limites prediais para a instalação de lixeiras adequadas para a espera da coleta. Muitas vezes me deparo com condomínios de quatro ou cinco torres, com mais de 200 apartamentos que não têm espaços externos para a coleta do lixo”.
De acordo com os estudos da Luz Curitibana, o lixo precisa estar em um espaço adequado até o momento da coleta. “Os engenheiros e projetistas precisam pensar nisso. Não é algo que pode ser deixado de lado. É preciso fazer um estudo para saber como esses resíduos serão armazenados”, lembra Davi ao explicar fomo funcionam os cálculos durante a consultoria. “O brasileiro produz, em média, um litro e meio de lixo por dia e os resíduos sólidos, que são os materiais recicláveis, são medidos em metros cúbicos, mas ainda precisamos lembrar que a produção de lixo depende da classe econômica dos moradores e dos padrões de cada edifício. Assim calculamos a necessidade de cada cliente”.
Empresa Amiga da Natureza
A consultora Luzia Assad cita como exemplo de empresa ambientalmente consciente uma das maiores redes de fast-food mundial que também já aderiu ao projeto Solução Ambiental para um Problema Urbano. “As últimas três lojas do Mc´Donalds que abriram suas portas em Brasília, Curitiba e São Paulo já fazem parte do projeto. Além de estarem de acordo com as leis vigentes, demonstra que é também uma empresa com consciência ambiental, que pensa no nosso futuro”, comenta.
Consciência Ambiental
Estudos sociológicos comprovam que o ser humano projeta em sua vida tudo o que vê urbanisticamente. “O lixo é um visual que agride nosso cotidiano e se queremos um futuro melhor precisamos construir isso sem a imagem do lixo. De todos os detritos gerados por uma pessoa, a estatística afirma que 75% são materiais recicláveis que geram grande volume, desde os recibos de cartão até uma embalagem de geladeira. É preciso lembrar também que o lixo não se desintegra na lixeira”, argumenta a consultora que estuda sociologia na FESP e busca, com seu projeto também conscientizar a sociedade. “Precisamos construir cidades humanizadas, que valorizem e respeitem o ser humano. Não podemos permitir que o lixo tome conta dos nossos espaços públicos, limitando o direito de ir e vir de todo o cidadão”.